Você sabe o que são metodologias ágeis? Já precisou gerenciar um projeto e teve dificuldades com mudanças, prazos e equipes? Isso tudo está conectado. Estamos no século XXI, não estamos? Se você tem mais idade ou gosta de estudar história, tem noção de quanto os últimos tempos mudaram a nossa maneira de viver.
Não estamos falando aqui apenas de vida pessoal, mas também da maneira de nos relacionarmos com os nossos próprios empregos. Nossa forma de produzir e gerenciar bens, além da própria percepção que temos de trabalho, foram renovadas nas últimas décadas.
Nesse período de grandes novidades, com novas ferramentas e empresas com foco na qualidade de vida dos funcionários e clientes, surgiram as metodologias ágeis. Quer entender como elas funcionam na prática? Continue a leitura e veja como otimizar a sua rotina no escritório com o auxílio desses métodos transformadores!
Metodologias ágeis: afinal, o que são?
Uma metodologia ágil nada mais é do que um conjunto de ações que permitem esmiuçar um projeto, de modo a compreender em detalhes tudo o que precisa ser executado em cada etapa para alcançar os resultados previstos.
Não à toa, o conceito de metodologias ágeis se consolidou em meio aos processos de desenvolvimento de software, tendo em vista a amplitude e complexidade dessa tarefa.
A ideia, portanto, é esmiuçar cada projeto, definir as prioridades e colocar “a mão na massa” para entregar o produto final com a máxima agilidade possível. Tudo isso, é claro, sem abrir mão da qualidade.
Você provavelmente conhece algumas equipes de software por aí, não é mesmo? E se você está bem situado com a realidade de uma equipe de desenvolvimento, sabe que suas rotinas são meio aventurosas.
As metodologias ágeis surgiram nesse cenário para otimizar a produção e o planejamento de sistemas. Essa otimização ocorre evitando atritos entre equipe de programação e cliente final.
Vamos dizer, por exemplo, que um grande sistema está sendo desenvolvido e, que tendo um escopo já pronto, são descobertas funcionalidades necessárias no sistema que não estavam previstas.
As metodologias ágeis permitem que em pequenos ciclos de atividades e entregas, a lista de tarefas e implantações seja revisada e haja uma nova priorização das tarefas.
A gestão de projetos ágeis acabou tomando espaço em todo o mercado e, hoje, é utilizada por diversas equipes para construir um fluxo de trabalho com entregas rápidas e frequentes.
Os consumidores finais enxergam melhor a evolução constante do projeto e a equipe de entrega tem em mãos propostas adaptáveis a mudanças, que os permitem gerenciar com mais tranquilidade o valor entregue ao cliente final.
Autogestão e a metodologia ágil
Uma das características mais marcantes das metodologias ágeis são as equipes auto-organizáveis. Isso é simplesmente uma maneira de dizer que todo mundo está comprometido com o andamento e o sucesso do projeto.
Como isso acontece? Veja só:
Essas maneiras de gerir projetos trabalham de forma rigorosa com a restrição de tempo. Em ciclos curtos de tempo, são definidas atividades que as equipes podem entregar ali. Nem mais, nem menos do que o possível.
Esse tipo de ajuste de prazos, sendo revisitados e analisados, permitem que a equipe vá conhecendo cada vez mais sua capacidade de produção. Nas primeiras aplicações de uma metodologia ágil, as equipes podem acabar errando suas previsões. Com o tempo, no entanto, os membros vão se integrando e a previsibilidade se tornando mais correta.
Forma da equipe
Lembra que falamos sobre equipes autogerenciáveis? Pois bem, geralmente são pequenos grupos de até 10 pessoas que irão trabalhar em um projeto. O intuito é que todos acompanhem os trabalhos de cada um e estejam cientes de todas as dependências que existem nele.
Com um membro da equipe sabendo que seu trabalho é necessário para que outras atividades tenham seguimento, fica mais tranquilo priorizar o que deve ser feito.
As metodologias ágeis têm que contar com o comprometimento dos membros para alcançarem bons resultados. Todos juntos determinam as tarefas que serão feitas. É essencial que todos se comprometam publicamente com as entregas e garantam que a equipe conseguirá finalizar seus entregáveis em tempo hábil.
Muitas pessoas podem depender dos próprios membros. Não ter uma visão mais incisiva na gestão e determinação das tarefas é, portanto, um risco. A aplicação das metodologias ágeis, inclusive, ajuda a enxergarmos quem são os profissionais preparados para assumir os maiores desafios.
Outra coisa é que podemos pensar que métodos como o Scrum acabam sendo feitos no improviso. Mas isso é um engano, pois as metodologias ágeis estimulam a autonomia das equipes em vários aspectos, como estes:
Autodisciplina
É fundamental a equipe saber para onde ir e o que precisa ser feito. É dada a responsabilidade a todos, e a equipe administra seu tempo e atividades para realizar as entregas prometidas ao cliente.
Documentação
O que for feito é registrado para que a equipe compreenda melhor como está sendo sua jornada: quantas atividades são entregues em cada pacote de projeto, quanto esforço é investido em cada um deles, etc.
Planejamento
Com o passar do tempo, a equipe aprende as limitações dos seus integrantes e toma conhecimento do que é possível assumir. Além disso, o time responsável pelos trabalhos enxerga mais claramente os crescimentos individuais, motivando membros menos experientes.
Regras das metodologias ágeis: o manifesto
As metodologias ágeis surgiram graças às equipes de desenvolvedores de software. Eles deram luz a elas com um manifesto que daria a diretriz de tudo que viria depois dele.
O surgimento deste documento se deve à ineficiência de metodologias clássicas de projetos na aplicação de sistemas. A maioria dos “clássicos” trabalha em cima de longas datas com resultados previsíveis e raras alterações.
Você alguma vez já trabalhou com desenvolvimento de software? Se sim, o simples fato de não prever “possíveis alterações” já é um problema que faz bastante sentido, não é?
Partindo disso, e buscando um bom relacionamento entre equipe, cliente e projeto, foi criado o Manifesto Ágil, que definiu os 4 seguintes pilares para um método ágil:
Indivíduos e interações > processos e ferramentas
Independentemente de quem são os membros da equipe e o cliente, é preciso ter em mente que os processos e ferramentas são o menos importante. A ideia é que as equipes consigam trabalhar confortavelmente com as ferramentas, podendo alterá-las conforme a necessidade de cada projeto.
O mais importante é que os envolvidos no projeto consigam compreender seus papéis e deveres. Assim, os desenvolvedores passam a interagir melhor e conhecer as necessidades dos clientes e os clientes passam a enxergar os esforços da equipe e suas atividades.
Software em funcionamento > documentação abrangente
Cada período ou ciclo de entregas apresenta um sistema mais robusto e em funcionamento. Muitas vezes, a documentação estará resumida. Mas, graças à interação entre os envolvidos, é comum que ela seja o suficiente, já que essas pessoas vão entendendo melhor a linguagem dos outros com o decorrer do projeto.
Colaboração com o cliente > negociação de contratos
Ver que surgiram novas demandas ou que são necessárias alterações e melhorias é comum. Nas metodologias ágeis isso não é visto como algo que deve gerar revisões de contratos e burocracias de preço e orçamento.
O grande foco da metodologia ágil é que haja satisfação por parte do cliente, mas de um modo que ele seja levado a compreender que não se deve abusar da boa vontade da equipe. A colaboração e diálogo para que isso ocorra é essencial.
Respostas às mudanças > seguir um plano
Existe um plano e foi necessário ajustar? Tudo bem, vamos nessa!
Não há muito o que se falar. Se para garantir o sucesso de um projeto for necessário alterar a prioridade de alguma atividade, ou até mesmo adaptar, ou incluir novas fases, a equipe deve estar disposta a isso.
Ao responder a mudanças mais que seguir um plano, a equipe está dizendo para seu cliente que ela tem total condições de acompanhar a maturidade do projeto. Se ele descobrir caminhos melhores para o sucesso, ela irá trilhá-lo junto.
Metodologia ágil ou tradicional: qual escolher?
Lendo até aqui, você com certeza já percebeu que o uso de metodologias ágeis é mais vantajoso do que seguir métodos tradicionais por vários motivos. Um deles, e que está bastante evidente, é a flexibilização – tanto das rotinas, quanto do escopo dos projetos. Como vimos, se as mudanças vierem para somar, por que não seguir esses novos caminhos?
Outras vantagens envolvidas no uso de uma metodologia ágil em relação a uma metodologia tradicional têm a ver com a transparência dos projetos e com a máxima qualidade das entregas. Como todos os membros ficam por dentro das etapas, a execução das tarefas se torna mais transparente. Assim, possíveis gargalos que talvez passariam despercebidos ficam mais evidentes.
A qualidade na entrega, por sua vez, está relacionada ao monitoramento constante das etapas do projeto, ao alinhamento das equipes e à disponibilidade para corrigir falhas em tempo hábil. Com isso, o gestor evita uma série de inconvenientes clássicos, como retrabalho, ajustes desnecessários e recursos jogados no lixo.
8 principais metodologias ágeis
Vamos agora às metodologias ágeis mais conhecidas no ramo e que podem ser facilmente aplicadas no dia a dia da instituição.
1. Kanban
O Kanban é um método que tem como principal objetivo otimizar a execução de projetos. Isso é feito a partir de uma visão detalhada do todo, onde todas as partes do projeto são esmiuçadas de modo a facilitar o andamento das tarefas.
No Kanban, o ciclo de vida de um projeto é dividido conforme o planejamento estratégico do gestor, definindo prioridades e delegando funções para que ninguém da equipe fique sobrecarregado. A flexibilidade é um ponto importante nesse método, já que as tarefas, percursos e cronogramas podem ser revistos conforme surgirem novas necessidades.
2. Lean
O Lean Development é um método criado pela Toyota e aplicado ao desenvolvimento de softwares. O Lean segue valores, princípios e práticas que visam otimizar a rotina das equipes em operação. Objetivo é gerar economia de recursos, sobretudo de tempo e dinheiro. Alguns princípios básicos do método são:
- Fim do desperdício;
- Fortalecimento das equipes;
- Agilidade nas entregas;
- Foco no percurso de cada tarefa;
- Otimização do todo;
- Decisões em tempo hábil.
3. Scrum
O Scrum é uma das metodologias ágeis mais conhecidas pelos gestores de grandes projetos. A proposta do método é dividir as demandas em ciclos de 7 a 15 dias (sprints), de modo a entregar o produto final em pequenas partes. A grande vantagem do Scrum é não sobrecarregar os colaboradores e permitir reavaliações sempre que necessário, gerando sprints cada vez mais alinhados com os resultados que se deseja alcançar.
4. Adaptive Software Development (ASD)
O Adaptive Software Development (ASD) é um tipo de metodologia ágil mais voltada para projetos de alta complexidade. A aplicação desse método se dá a partir de ciclos de execução constante, guiados por seis princípios básicos. São eles:
- Orientação para a missão, que poderá mudar no decorrer do projeto;
- Atenção aos componentes, os quais configuram todo o projeto;
- Foco no iterativo: as iterações devem estar em constante evolução;
- Definição de prazo: o cronograma precisa ser tangível e realista;
- Flexibilidade, pois é preciso considerar mudanças de rota;
- Orientação a riscos, de modo a corrigir gargalos e mitigar as chances de falha.
5. Dynamic Systems Development Methodology (DSDM)
O Dynamic Systems Development Methodology (DSDM) é um método ágil criado especificamente dentro do universo de TI. Esse recurso guia o desenvolvimento de softwares a partir da participação constante dos usuários, conforme modelos iterativos e incrementais. As três fases básicas do DSDM são:
- Pré-projeto: definição do planejamento estratégico e orçamento necessário;
- Projeto: criação de protótipos para avaliação constante dos clientes;
- Pós-projeto: realização de manutenções e ajustes para lançamento do produto final.
6. Extreme Programming (XP)
O eXtreme Programming (XP) se assemelha bastante ao método Scrum, no entanto, seu foco maior é nas questões técnicas, de modo a garantir a máxima qualidade no desenvolvimento. Os critérios de aplicação dessa metodologia se resumem em:
- Testagem contínua dos projetos;
- Integração constante entre as equipes;
- Foco na funcionalidade das soluções;
- Ciclos de execução curtos;
- Feedbacks constantes aos clientes.
7. Scaled Agile Framework (SAFe)
O Scaled Agile Framework (SAFe) segue basicamente as mesmas funções das metodologias ágeis Scrum e XP, partindo de um diagrama denominado “The Big Picture”. Nesse diagrama estão todos os processos e fluxos de trabalho das equipes, os quais se dividem nos seguintes quadros: portfólio (gestão), program (estratégia) e team (operação).
8. Feature Driven Development
O Feature Driven Development (FDD) é uma metodologia ágil focada nas funcionalidades de cada projeto, visando compor um todo funcional e de simples operação. Não à toa, o método é aplicado por meio do planejamento minucioso de cada funcionalidade da solução, com atenção aos detalhes e testagem constante para identificar gargalos e conduzir melhor as tarefas de cada ciclo.
Por que utilizar as metodologias ágeis? Confira 8 razões
A qualidade do produto é muito visada em metodologias ágeis, por isso, há sempre algo em andamento e algo já em mãos para o cliente.
É como se o produto começasse sendo uma bicicleta e evoluísse para uma moto. A princípio, há um suporte e duas rodas, após um tempo, soma-se um casco. Na sprint seguinte um acelerador e um motor leve. Após mais um tempo um motor potente e melhorias no casco, etc.
Essa ideia de projeto em constante melhoria tem muita relação com Startups, e com certeza gera certa vantagem competitiva. Listamos 8 benefícios de trabalhar com metodologias ágeis para otimizar o fluxo de trabalho.
1. Agilidade nas entregas
Como o próprio nome diz, as metodologias ágeis têm como princípio fundamental a aceleração das rotinas de trabalho. A proposta é evitar desperdício de tempo operacional sem abrir mão da qualidade nos resultados. Isso é possível graças à visão minuciosa de cada ciclo de operação, o que permite manter o foco nas tarefas e, assim, ganhar velocidade nas entregas.
2. Validação da estratégia
Conforme os ciclos vão sendo conduzidos, as equipes conseguem enxergar os eventuais gargalos na operação e, assim, corrigir o que não está trazendo o resultado previsto. Do mesmo modo, será possível validar estratégias de sucesso e replicar padrões positivos nos próximos projetos.
3. Organização das demandas
Um fluxo de trabalho dividido por etapas torna a execução mais organizada e criteriosa. Isso é essencial para que as equipes não se sintam sobrecarregadas ou desmotivadas. Nesses pequenos ciclos, conforme os resultados vão surgindo, aumenta-se o engajamento do grupo em busca de metas cada vez mais promissoras.
4. Continuidade do projeto
Métodos convencionais de desenvolvimento de software costumam ser lentos e atrasar a entrega do produto final para o cliente. Sabemos o quanto isso pode prejudicar a reputação de uma empresa de TI. Por isso, trabalhar com metodologias ágeis é tão importante, de modo a garantir a melhoria contínua das tarefas a partir dos pequenos ciclos de atividades.
Saiba mais sobre melhoria contínua e sua importância como um diferencial no atendimento ao cliente!
5. Antecipação de potenciais problemas
Como dissemos, quando bem aplicadas, as metodologias ágeis permitem enxergar gargalos e possíveis sinais de erros antes de ocorrer um problema grave. Isso é imprescindível para evitar retrabalho, prejuízos financeiros, falhas no produto final e atrasos na operação em geral.
6. Aumento de produtividade
A produtividade das equipes naturalmente aumenta quando há mais motivação e engajamento no projeto. Essa integração entre os colaboradores é maior com o uso de metodologias ágeis devido à divisão minuciosa das tarefas, bem como à definição correta das prioridades e atribuição adequada das funções aos responsáveis.
7. Planejamento em dia
É muito difícil manter o planejamento estratégico em dia na gestão de TI se não houver um fluxo de trabalho organizado. Nesse sentido, os métodos ágeis são imbatíveis, pois possibilitam uma visão acurada do todo, antecipam falhas e ainda estimulam o foco dos colaboradores.
8. Feedbacks constantes
Conforme os ciclos de execução do projeto vão sendo finalizados, os clientes poderão dar feedbacks que ajudem a avaliar a qualidade do produto em questão. Isso também é muito positivo do ponto de vista da correção de eventuais falhas e melhoramento contínuo das soluções, inclusive evidenciando pontos que possam ser úteis em outros projetos.
Todas essas vantagens justificam por que vale a pena trabalhar com metodologias ágeis para estruturar fluxos de trabalho, elevar a performance das equipes e gerar entregas cada vez mais promissoras.
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